"Há um homem em Veneza de que me lembro tão bem como se o
tivesse fotografado; ou talvez melhor, porque não o fotografei. Foi há vários
anos, no final do outono ou princípio do inverno. Eu e ela vagueávamos por uma
parte não turística da cidade, e ela ia mais à frente. Preparava-me para
atravessar uma ponte simples, pequena, quando vi um homem a andar na minha
direcção. Devia ter mais de sessenta anos e estava muito bem vestido. Lembro-me
de um sobretudo preto elegante, cachecol preto, sapatos pretos, talvez um
pequeno bigode e provavelmente chapéu – de feltro preto. Podia ser um avocato veneziano e certamente não olhava
para os turistas. Mas eu olhei para ele porque, no sítio mais baixo da ponte, puxou
de um lenço branco e enxugou os olhos: não de forma prática ou ociosa – não era
do frio, tenho a certeza – mas de maneira lenta, concentrada, familiar. Dei por
mim nessa altura, e mais tarde, a tentar imaginar a sua história; quase planeei
escrevê-la. Agora já não preciso, porque assimilei a história dele à minha; ele
encaixa no meu molde."
Comparo a leitura deste livro a uma viagem numa montanha russa, quando comecei fiquei com a sensação de que não iria gostar, mas ainda assim continuei. a meio do percurso comecei a gostar da viagem mas na parte final fiquei com um nó no estômago.
não é um mau livro, mas é preciso predisposição para o ler, sobretudo a última parte, que me levou para um lugar cinzento e me fez pensar em coisas que não queria.
adorei o texto.
ResponderEliminarTalvez em outra altura e com outra disposição...tenho tantos por aí em fila de espera.
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