terça-feira, 19 de janeiro de 2016

as minhas leituras

 

"Há um homem em Veneza de que me lembro tão bem como se o tivesse fotografado; ou talvez melhor, porque não o fotografei. Foi há vários anos, no final do outono ou princípio do inverno. Eu e ela vagueávamos por uma parte não turística da cidade, e ela ia mais à frente. Preparava-me para atravessar uma ponte simples, pequena, quando vi um homem a andar na minha direcção. Devia ter mais de sessenta anos e estava muito bem vestido. Lembro-me de um sobretudo preto elegante, cachecol preto, sapatos pretos, talvez um pequeno bigode e provavelmente chapéu – de feltro preto. Podia ser um avocato veneziano e certamente não olhava para os turistas. Mas eu olhei para ele porque, no sítio mais baixo da ponte, puxou de um lenço branco e enxugou os olhos: não de forma prática ou ociosa – não era do frio, tenho a certeza – mas de maneira lenta, concentrada, familiar. Dei por mim nessa altura, e mais tarde, a tentar imaginar a sua história; quase planeei escrevê-la. Agora já não preciso, porque assimilei a história dele à minha; ele encaixa no meu molde."

 
Comparo a leitura deste livro a uma viagem numa montanha russa, quando comecei fiquei com a sensação de que não iria gostar, mas ainda assim continuei. a meio do percurso comecei a gostar da viagem mas na parte final fiquei com um nó no estômago.
 
não é um mau livro, mas é preciso predisposição para o ler, sobretudo a última parte, que me levou para um lugar cinzento e me fez pensar em coisas que não queria.

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